Há uma famosa passagem na obra de Agostinho de Hipona em que ele afirma que "A morte não é nada". Em seguida, o teólogo e filósofo afirma que a morte seria uma passagem "para o outro lado do Caminho". Muitos séculos antes, o filósofo Cícero teria afirmado que "a vida toda dos filósofos é (...) uma preparação para a morte". O filósofo humanista Montaigne, alguns séculos depois de Agostinho, retoma um aspecto importante sobre o tema ao afirmar que "na última cena, a que se apresenta entre nós e a morte, não há como fingir". Por isso, para Montaigne, "Meditar previamente sobre a morte é meditar previamente sobre a liberdade. Quem aprendeu a morrer desaprendeu a se subjugar. Não há nenhum mal na vida para aquele que bem compreendeu que a privação da vida não é um mal":

Momentum

O que é morte 
Senão vida 
Refletida no espelho do Cosmos, 
Sopro que o vento espalhou 
No assoalho da Consciência?
 
Morte, como muitos pensam, 
Não é contrária à vida 
E sim ao nascimento. 

Morte, para os que a enfrentam, 
Deixa de ser treva sombria 
Mas é pura via de transcender 
De fechar os ciclos 
Assumir os riscos 
Renascer... 

E se olhares bem 
Verás que morte e vida 
São momentum
Sentido de valor 
No propício exercício de existir 
E Ser 
A todo tempo. 

(Vânderson Domingues, 2013)
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