O ser integral 
Não se apega ao bem e ao mal 
não tricota amargura 
nem boa fortuna condicionada 
compreende tudo 
como se não soubesse nada. 

O ser integral 
sobre(vive) 
sem mitos 
sem ritos de quimera 
não precipita 
não espera 
(não bebe frígido nem se engasga) 
entende a fonte 
como paisagem que não se indaga. 

O ser integral 
não maquina cena 
admite o mundo apenas 
sabe quanto vale 
sabe quanto pesa 
pseudo-saberes que tanto “despreza”.

O ser integral 
não-encerra-no-início-nem-principia-no-fim 
não é meio nem termo 
não é alvo a esmo 
não edifica corridas (no asfalto) de marfim. 

O ser integral 
escreve seu poema 
transitando no concreto 
reto e desperto em seus sentidos 
na porção exata 
do que não pode ser medido.

(Vânderson Domingues, 2012)
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