Para além de psicodiagnósticos que muitos ousam fazer, mas sem ignorar a ocorrência do seu sofrimento, prefiro compreender que Van Gogh compartilhava o seu modo singular de ver o mundo através de sua criatividade artística. Talvez, em parte, sua arte fosse uma forma de responder ao mundo sobre possibilidades de existir para além do dado, mas também, possivelmente, uma tentativa de superar a própria angústia. Infelizmente, em vida, era visto como "louco e fracassado", em morte por vezes ainda é rotulado como "gênio incompreendido":
Cortei a orelha
Que doía
Para não ouvir
A insensatez dos homens.
Cortei a orelha
Que jazia
Absorta e triste
Nas dinâmicas de interesse.
Cortei-a para fora do espectro
Do sofrimento desnecessário
Dos tratos ásperos e ordinários
Que teimam em me ordenar mal nasce a manhã.
Cortei a orelha
Mas, de certa forma, fora em vão:
"O coração continua".
Para não ouvir
A insensatez dos homens.
Cortei a orelha
Que jazia
Absorta e triste
Nas dinâmicas de interesse.
Cortei-a para fora do espectro
Do sofrimento desnecessário
Dos tratos ásperos e ordinários
Que teimam em me ordenar mal nasce a manhã.
Cortei a orelha
Mas, de certa forma, fora em vão:
"O coração continua".
(Vânderson Domingues, 2019)
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