Por Vânderson Domingues
O conceito de Avatar segundo os hindus é de (encarnação de) Deus personificado na forma humana. A personificação vem em momentos específicos à Terra para dar instruções e ajudar no processo de desenvolvimento do planeta. Pode ser entendido também como "descer, com a aprovação da fonte superior da qual provém, para benefício do lugar ao qual chega" [1].
Alguns dos Avatares mais conhecidos em ordem cronológica são: Shiva, Krishna, Sakyamuni (Budha), Jesus e Sai Baba (ainda vivo na Índia)**.
Sincronicamente ao conceito hindu, no filme Jake Scully desce do “Povo do Céu” e usa emprestado um corpo chamado de avatar para observar os Na'Vis (povo de Pandora).
Depois de viver entre eles e se afeiçoar, Jake sai do papel de mero observador e se transforma em profeta anunciando catástrofes. Mas como todo messias que se preze guia o povo para a salvação, através de uma revolução.
É reconhecido como messias com sinais. Primeiro as sementes da árvore impedem a sua morte pousando na flecha de Neytiri, fazendo com que ela perceba que existe algo especial acontecendo. Em outro momento, as sementes o cobrem numa harmonia de luz. Por fim, ele desperta todo o potencial de sua missão e domina uma besta voadora (toruk macto) provando de uma vez por todas a si mesmo e ao povo de pandora que é o missionário.
Avatares da humanindade
É interessante observarmos que tal qual os Na'Vis, alguns avatares como Buda, Krishna e Shiva são muitas vezes representados em tom de pele azulada.
No budismo, o Buda que assume o tom azul é chamado de “Buda da Medicina” e está ligado a cura universal, dando o antídoto para as diversas doenças em sua raiz [2]. Buda é considerado o nono avatar de Visnhu [3] (o deus da manutenção do universo na trindade hindu).
Krishna é considerado o oitavo avatar de Visnhu e um dos significados do seu nome é “azul marinho escuro”. É representado em azul tocando flauta num sentido de doçura e iluminação [4].
Alguns Paralelos
Entretanto, assim como Jake estimula o povo de pandora na batalha pelo seu mundo, Krishna também é guerreiro e incita Arjuna no Bhagavad Gita a lutar pelo resgate do reino que foi tomado dele.
Shiva é outro deus da trindade hindu e é também conhecido como “O Destruidor” (ou “O Transformador”). É representado em azul por ter tomado veneno para salvar a humanidade.
Existem dois paralelos muito presentes entre Shiva e o filme:
- O sentido de desconstrução de uma fase do povo para um novo momento através de uma revolução (transformação).
- Os Na'Vis são muito ligados à terra no seu sentido mais sagrado e a rituais xamânicos. Shiva é comumente compreendido como sendo um dos primeiros xamãs da história. [5]
Podemos também citar Jesus que não é representado em azul, mas tem nesse filme um paralelo importante: o do amor ao próximo, da compaixão. Jake se afeiçoa ao povo de Pandora pelos tipos diferentes de amor. Inicialmente vive o amor Eros com a Neytiri e depois desenvolve um profundo respeito e empatia ao sentido de vida daquela comunidade. Transcende as aparentes diferenças e incorpora a lição mais importante do Cristo: O amor Universal.
Os “Avatares Índigos”
Segundo teorias da Nova Era e a Ciência (Espiritual) Contemporânea [6], chegamos ao fim da era de avatares “centralizadores” da sabedoria universal para entrarmos na era dos Índigos (em transição para a Era dos Cristais).
Os Índigos, como os Na'Vis, são uma espécie de “avatares coletivos”. Nascem em grupo e são assim chamados por duas características marcantes: Em vez da pele azul, eles têm a aura índigo (que está ligada ao chackra da visão - "terceiro olho") e também são guerreiros. Em outras palavras, assim como no filme (onde se fala o tempo todo em “Ver”), os índigos enxergam além do que é comum no plano da realidade física e estão prontos para lutar por uma mudança nos moldes de nossa sociedade global.
Segundo tais estudos, os índigos estão encarnando desde os anos 1950 na terra e a partir do final da década de 1980 esse processo foi intensificado, sendo que hoje nascem em quantidade tão relevante que até mesmo a medicina, a psicologia e a educação tradicionais têm notado diferenças de desenvolvimento e de potencial nas crianças da "nova geração".
Para as teorias da Nova Era, a missão dos índigos é de mudança e transformação (como Shiva). Os índigos são guerreiros quando é preciso (como Krishna). Querem um mundo melhor e mais integrado a Mãe-Natureza (como os xamãs). Querem uma ecologia profunda, onde o ser humano volta a sua essência e observa-se como um ser integrante do planeta e não dono dele. Querem a cura Universal (como o Buda da medicina) e o amor ao próximo e Universal (como Jesus Cristo).
As Personalidades dos índigos
Os estudiosos costumam identificar quatro tipos básicos de personalidades entre a geração de índigos. É claro que esse não é um conceito fixo e pode variar o grau das características respectivas em cada indivíduo:
1 - Humanista: Estão ligados ao trabalho com as massas.
2 – Conceitual: Estão mais ligados a projetos do que a pessoas.
3 – Artista: Estão ligados a atividades mais sensíveis e criativas.
4 – Interdimensional: Estes possuem características bem semelhantes as do povo de Pandora. Diferem dos outros três tipos por terem uma estatura bem maior e uma sabedoria genuína, não aceitando facilmente a orientação dos mais velhos a não ser que venha seguida de uma explicação coerente. “Eles serão os que trarão novas filosofias e espiritualidade para o mundo. Podem ser mais valentões porque são muito maiores e também porque não se encaixam no padrão dos outros três tipos.” [7]
Uma Nova Chance
É importante frisar que Jake não nasceu avatar. Ele construiu essa realidade na medida em que foi despertando para o contexto em que se inseriu. Nesse sentido podemos dizer que todos nós, nesse momento da humanidade, somos como Jake. Estamos vivendo uma nova realidade na Terra com possibilidades diversas. Todos somos avatares e tudo que precisamos fazer é despertar o potencial em todos os níveis para nossa missão pessoal e coletiva.
Não importa se nos identificamos com Shiva, Krishna, Buda ou Jesus. Se nos identificamos com todos ou com nenhum deles. Existe nesse momento da humanidade um potencial de despertar jamais visto. Estamos, como no filme, vivendo um processo de alerta aos cuidados com o planeta e com todas as espécies viventes aqui (inclusive a humana) e temos a oportunidade de transformar nossos caminhos.
Estamos também vivendo um momento de despertar num sentido mais profundo, através da ciência contemporânea (como a física quântica e o paradigma transpessoal), ressignificando sabedorias ancestrais da humanidade.
É claro que “rever” o velho e fazer o “novo” demanda um processo e um objetivo. Mudar significa "desprender" e desconstruir padrões antigos de comportamento e focar numa nova etapa mais integrada e plena.
Talvez seja a hora, assim como Jake, de usarmos nosso avatar num sentido que transcenda ao ego. O sentido que começa no “eu” individual e se expanda ao coletivo: sem fronteiras físicas, emocionais, psicológicas ou espirituais.
Gostaria de terminar o texto citando Sai Baba (considerado por muitos o último grande avatar – maha-avatar):
"Somente existe uma Religião: A Religião do Amor
Somente existe uma Linguagem: A Linguagem do Coração
Somente existe uma Raça: A Raça da Humanidade
Somente existe um Deus, e Ele é Onipresente"
* Texto publicado em 2010.
** Sai Baba faleceu em 2011.
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Referências:
[1] http://www.eusouluz.iet.pro.br/avidaavatar.htm
[2] http://pt.wikilingue.com/es/Bhaisajyaguru
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Vixnu
[4] http://www.grandefraternidadebranca.com.br/maha_mantra.htm
[5] http://xamanismoancestral.com.br/rituais.html
[6] http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_espiritual
[7] http://www.flordavida.com.br/HTML/indigo.html
CANETE, Ingrid. Adultos Índigo. São Paulo, SP. Editora Novo Século, 2008.
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