veja como é peculiar a beleza dessa fotografia
(que como em todas as fotografias
esgotos não têm cheiro
gritos não têm som
onde só há lugar para o tempo agora
nunca para o que houvera antes
que dirá para o que virá depois
mesmo os tempos que nasceram já maduros
aqueles mesmos que morreram sem saber...
não importa!...)
aqui, nesse retrato, o momento se instalou único
e a tribo se apresenta celebrando
e quem era agora alegre ou triste, na memória sabe de si apenas
não dos outros que dividem a cena
(jaz a empatia)
na fotografia as cores estão mais vivas que as reais
as personagens estão mais unidas que as reais
e suas posturas estão mais eretas que as reais
contudo, não estão tangíveis como as reais
não demonstram ascensão nem decadência
nem sequer o que realmente são
navegam imóveis na superfície do eu
sem perpetuar pensamento
sem alimentar sentimento
sem assumir riscos
sem compromisso algum
a fotografia está presa na moldura... envelhecida
está pendurada num prego... enferrujado
está exposta na parede... roída de cupim
tudo aparentemente seguro... pelo verniz
sim, as personagens se encontram no retrato
mas não espere respostas
o sorriso é a única coisa que verá em suas bocas medrosas
além disso, nenhuma palavra, nenhuma vogal
nenhum ruído se ouvirá
até que a gravidade seja mais forte
e decrete a queda da moldura, do prego e da parede
e liberte as personagens para buscarem outros palcos
outros aplausos, outras tribos de quimera
para encenarem outros atos
para tirarem outros retratos
(de cores ainda mais vivas)
para se sentirem ainda mais vivas
no hoje eterno que escolheram para si
e no vazio que adotaram com estilo.
(que como em todas as fotografias
esgotos não têm cheiro
gritos não têm som
onde só há lugar para o tempo agora
nunca para o que houvera antes
que dirá para o que virá depois
mesmo os tempos que nasceram já maduros
aqueles mesmos que morreram sem saber...
não importa!...)
aqui, nesse retrato, o momento se instalou único
e a tribo se apresenta celebrando
e quem era agora alegre ou triste, na memória sabe de si apenas
não dos outros que dividem a cena
(jaz a empatia)
na fotografia as cores estão mais vivas que as reais
as personagens estão mais unidas que as reais
e suas posturas estão mais eretas que as reais
contudo, não estão tangíveis como as reais
não demonstram ascensão nem decadência
nem sequer o que realmente são
navegam imóveis na superfície do eu
sem perpetuar pensamento
sem alimentar sentimento
sem assumir riscos
sem compromisso algum
a fotografia está presa na moldura... envelhecida
está pendurada num prego... enferrujado
está exposta na parede... roída de cupim
tudo aparentemente seguro... pelo verniz
sim, as personagens se encontram no retrato
mas não espere respostas
o sorriso é a única coisa que verá em suas bocas medrosas
além disso, nenhuma palavra, nenhuma vogal
nenhum ruído se ouvirá
até que a gravidade seja mais forte
e decrete a queda da moldura, do prego e da parede
e liberte as personagens para buscarem outros palcos
outros aplausos, outras tribos de quimera
para encenarem outros atos
para tirarem outros retratos
(de cores ainda mais vivas)
para se sentirem ainda mais vivas
no hoje eterno que escolheram para si
e no vazio que adotaram com estilo.
(Vânderson Domingues, 1999)
© Todos os direitos reservados ao autor
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Foto: Pixabay
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