E eis que foi embora.
Ela o acompanhou até o aeroporto para ser cortês, mas o silêncio do longo trajeto de paisagens solares denunciava a frustração daquelas almas. Olhavam pela janela do táxi, cada um pra um lado.
De quando em vez os olhos se encontravam, constrangidos.
Haveria um reencontro? Nenhum deles sabia.
Era triste demais para ver além. Mas era assim agora.
Depois de um tempo cada qual segue a vida a buscar novas quimeras, ou então... despertam.
Entretanto, era impossível naquele contexto aceitar que tinham feito um movimento para ficarem juntos e que a vida mostrara que era preciso mais.
Era preciso construir planejando e “deixando rolar” ao mesmo tempo.
Seria esse o entrave?
Ela, por medo de novos planos, deixava tudo solto.
Ele, por medo de não terem planos, não conseguia se soltar.
Medo, medo, medo...
Essa contração de corpo e alma que impede o fluxo do amor...
E o que no início fora sorriso cândido se perdera em algum canto escuro do dia-a-dia(?)
E o que no início fora um encaixe perfeito tornou-se dinâmica de réplicas(?)
Mesmo assim sabiam no cardíaco que algo ainda estava por vir.
Só não podiam saber o quê.
(Vânderson Domingues, 2009)
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Foto: Pixabay
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