
Por Vânderson Domingues
Platão (428 a.C.-347 a.C.) foi um filósofo e matemático da Grécia Antiga, considerado um dos principais pensadores de sua época e é um dos filósofos gregos mais estudados na atualidade. Foi aluno de Sócrates, professor de Aristóteles e escreveu diversas obras, sendo que cerca de 30 chegaram aos dias atuais. Dentre suas obras mais importantes está A República com dez volumes. No tomo IV o filósofo fez considerações sobre sua concepção de cidade justa, descreveu a sua Teoria das Almas e a relação com os tipos de classes de cidadãos.
Platão compreendia que o ser humano era um composto de corpo e alma. A teoria do filósofo era que existiam três tipos de almas (ou três partes da alma) que formam o ser humano:
1 – A alma desejante: Situada entre o diafragma e o umbigo, ou baixo ventre, está relacionada com a busca de satisfação dos apetites carnais e imediatos como comida, bebida, sexo e prazeres, ou seja, o que está relacionado com o corpo físico e sensações.
2 – A alma colérica: Situada na região acima do diafragma (na cavidade do peito) está ligada às paixões, busca segurança e proteger o corpo contra o que causa dor e sofrimento, e se enraivece com facilidade.
3 – A alma racional: Situada na cabeça é a parte ligada ao conhecimento. Considerada, para Platão, a única parte espiritual e imortal das três.
Platão também acreditava que a alma racional deveria orientar as outras partes. A depender de como o homem lidava com essas três partes, o filósofo entendia que ele poderia ser vicioso ou virtuoso. O homem vicioso era justamente aquele em que as partes da alma estão realizando suas funções de forma insuficiente ou em excesso e que isto se dá quando a parte racional perde o governo sobre as outras duas. Já o homem de virtude era exatamente aquele que conseguia uma harmonia em cada parte da alma, orientadas pela parte racional. Para a parte desejante, por exemplo, cabia buscar a virtude da temperança ou moderação. Para a parte colérica cabia buscar a virtude da coragem ou prudência. Já a virtude da parte racional seria a sabedoria e ou a verdade.
Dessa forma, Platão desenvolveu sua teoria das almas no livro IV de A República compreendendo que o homem justo é o homem virtuoso. Noutras palavras, o homem justo é o homem cuja virtude da alma racional domina os desejos e a cólera. De outro modo, o homem injusto é o que está na polaridade oposta, ou seja, o homem que se deixa governar pelos desejos e pela cólera.
Além disso, Platão correlacionava as características individuais da Teoria das Almas com a sua concepção de cidade no sentido de hierarquia e de papéis sociais. Para ele, a sociedade deveria ser dividida em três classes. Essas classes seriam a econômica (proprietários da terra, artesãos e comerciantes), a militar (guerreiros) e a dos magistrados e governantes, e deveriam ser ocupadas por homens de alma desejante, colérica e racional, respectivamente.
Para Platão, para a pólis (cidade) ser justa deveria ter um sistema educacional
para que a parte racional da alma dos educandos se desenvolvesse e comandasse as outras partes. Além disso, o sistema educacional deveria selecionar quem tem mais inclinação para determinadas classes para que todos cumpram bem sua função na pólis.
para que a parte racional da alma dos educandos se desenvolvesse e comandasse as outras partes. Além disso, o sistema educacional deveria selecionar quem tem mais inclinação para determinadas classes para que todos cumpram bem sua função na pólis.
Assim, na lógica de Platão, a cidade seria injusta se estivesse nas mãos dos proprietários que não pensam no bem comum, mas apenas em seus interesses econômicos, por exemplo. Para o filósofo a cidade justa deveria ser governada e administrada pelos cidadãos de alma racional (classe dos magistrados e governantes) que seriam os filósofos e os homens da ciência, respectivamente. Também deveria ser protegida pelos guerreiros (classe militar) e sustentada pelos produtores (classe econômica).
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