Clínica do Luto

Lutos

Ao se falar de luto, geralmente se associa à morte literal de alguém próximo no convívio e ou afetivamente. Por isso, algumas perdas podem parecer mais fáceis de se perceber do que outras. Entretanto, ao longo da vida, pode-se experienciar muitos lutos, sendo alguns por perdas simbólicas. Por exemplo, quando se muda de cidade, ou até mesmo de bairro, há a possibilidade do luto pela perda da relação com a casa e ou da convivência com as pessoas daquele lugar onde se morava. Há pessoas que enlutam após um término de relação amorosa, outras ao se aposentarem e perderem a posição social de outrora. Outras, ainda, vivem o luto quando perdem ou mudam de emprego ao deixarem para trás a rotina com colegas aos quais estavam acostumadas. Há ainda o luto pela morte de animais de estimação considerados como membros da família. Em casos como a demência de um ente querido, o luto pode ser antecipatório, pois há uma perda progressiva das trocas relacionais com o avanço da doença e se assiste a pessoa “morrendo aos poucos” para a existência antes da morte propriamente dita. E entre os tantos tipos de lutos possíveis, é importante dizer que muitos lutos não são reconhecidos socialmente e, portanto, não encontram espaço para serem elaborados enquanto sofrimento.

Por isso, mesmo diante da invisibilidade social da privação, é possível dizer que a dor do luto tende a ser proporcional ao vínculo que se constrói com a outra pessoa, com o animal de estimação, com a situação que se vivia ou com a posição que se ocupava. Seja como for, no caso da morte literal, a dificuldade da despedida tende a ser proporcional ao afeto nutrido por quem se foi. Nesse sentido, quando alguém que se ama morre, perde-se mais do que a presença do outro. Viver o luto pela morte de quem se ama é experienciar a impossibilidade de coexistência com alguém sem o qual não se consegue mais exercer um projeto de vida em comum, ainda que se possa ter essa pessoa presente como uma espécie de mediação interior com o mundo por meio da memória e da imaginação.

Atendimento

Antes de mais nada, é preciso reconhecer o processo do luto como uma expressão saudável diante de uma ausência. Por isso, na clínica do luto, o psicanalista existencial busca desvelar com o/a partilhante como aquela morte, perda ou separação afeta os sentidos existenciais e as relações dele/a consigo mesmo e com o mundo. Com essa compreensão da singularidade do sofrimento experienciado e através de conversações de acolhimento da dor do/a enlutado/a, o psicanalista existencial aprofunda com o/a partilhante sobre como e em que medida a ausência do/a outro/a pode modificar o seu projeto existencial.

A partir desse reconhecimento do sofrimento gerado pela impossibilidade de ser com o/a outro/a, a clínica existencial busca acompanhar o caminho daquele/a que sofre a dor da perda. Nesse sentido, a clínica existencial do luto se faz no intuito de investigar novas possibilidades de modos de vida apesar da saudade e do vazio que se impõem. Entretanto, não se pode falar em uma “superação do luto”, pois cada relação é insubstituível e, no caso da morte, aquele/a que partiu não desaparece da vida psíquica do/a enlutado/a, mas continua presente de outra maneira. Porém, é desejável encontrar nesta nova realidade a disponibilidade do/a partilhante para construção de novos horizontes, mesmo que isso possa levar um tempo imprevisível para se realizar.

Como a sua clínica do Luto pode me ajudar?

Assim como na clínica existencial em um sentido mais amplo, essa pergunta não tem uma resposta exata. Entretanto, no caso particular do luto é possível dizer que o trabalho se torna mais específico por percorrer uma experiência de profunda dor que pode desorganizar o modo como a pessoa compreende a própria existência. Assim, a minha clínica do luto se dá na perspectiva de atravessar o sofrimento e buscar, respeitando o tempo de cada partilhante, novas possibilidades de vida diante da ausência do/a outro/a. 

Quanto tempo dura o processo? 

Na clínica do luto, o sofrimento causado pela morte, perda ou separação é compreendido em sua singularidade. Portanto, não é possível predefinir genericamente um tempo para o processo.  

Qual a frequência das sessões?

No início do luto, é possível que a pessoa fique muito afetada diante da morte, perda ou separação. Portanto, é interessante que as sessões sejam semanais. Com a continuidade do processo, a depender de cada caso, e a partir de um diálogo entre psicanalista e partilhante, é possível que se chegue a outra forma de periodicidade. 

Qual o tempo de cada sessão?

Cada profissional trabalha de um modo. No caso da minha clínica do luto, a sessão tem cerca de 50 minutos.  

Atende todos os lutos?

Sim, exceto enlutados por suicídio e pessoas com diagnóstico de luto complicado.